sexta-feira, 13 de junho de 2008

Porque a vida continua...

... as crianças continuam a brincar...


... os jovens a fazer desporto...


... e os menos jovens a jogar às cartas...

... ou mahjong (não estivessemos na China)

domingo, 8 de junho de 2008

Rumores

Desde o primeiro dia que os mais diversos rumores se foram espalhando. Se bem me lembro, o primeiro foi de que iria deixar de haver água canalizada durante uma semana. O segundo também estava relacionado com água, e dizia que esta iria ser tóxica durante não sei quanto tempo. Eu tomei um banho nesse dia e não notei nada de anormal, a não ser quando saí de casa e reparei nas multidões de chineses a esgotar os stocks de água nas vendas de rua e a lotar os supermercados comprando comida, bebida e tudo o que mais fosse necessário para sobreviver durante as semanas seguintes.

Depois começaram os rumores sobre as réplicas fortes que se supostamente se iriam suceder. Faz parte do senso comum que um terramoto origina réplicas. E quanto mais forte o terramoto, mais fortes as réplicas. No entanto, um suposto grupo de peritos chineses conseguia prever não só quando se iriam dar as réplicas como também a sua intensidade. E os rumores foram-se espalhando por mensagens e pela internet... até que chegaram à televisão. Sim, na televisão, esta comissão de especialistas anunciou, por duas vezes tanto quanto sei, que se previa para tal noite um sismo de intensidade muito elevada (6, 7?). Um amigo chinês explicou-me que baseavam a sua teoria no comportamento dos animais. Um outro, disse-me que esperavam que o terramoto repetisse o padrão de um outro que se tinha dado não sei quantos lustros antes...

A população já andava, como era natural, alarmada e nervosa. Apesar de, como já disse antes, não terem havido danos materiais significativos em Chengdu (leia-se, não caiu um único edifício), as famílias resolveram trocar o "municipal" por "de campismo" e montaram tenda no parque mais próximo.

Num cenário destes é normal que se propaguem todos os tipos de rumores (por mais absurdos que sejam), mas aquilo que mais me impressionou foi que fosse o Governo um dos responsáveis pela sua dessiminação. E sim, Governo e televisão são a mesma coisa.

Pela minha parte, refugiei-me no meu típico cepticismo e a todos dei a mesma resposta: "É impossível prever sismos." E fui para a cama.