quinta-feira, 26 de abril de 2007

Deep feelings on the field – Crónica de uma expedição a Suzhou

Tal como Hangzhou, Suzhou foi descrita por Marco Polo, um dos mais notáveis viajantes de todos os tempos, como o “paraíso na Terra”. E podem até ter passado algumas centenas de anos desde a sua última visita mas a cidade mantém alguns dos encantos que maravilharam este apaixonado pelo Oriente, aos quais juntou eventualmente alguns novos (tendo, com certeza, perdido muitos outros).


É tentador chamar “Vezena do...” a qualquer cidade em qualquer parte do Mundo que seja atravessada por pontes e canais e onde naveguem pequenas e tradicionais embarcações (não temos nós, em Aveiro, também, a nossa Veneza portuguesa?). Suzhou é conhecida como a Veneza Oriental, mas tem encantos próprios que fazem com que a comparação com a cidade italiana seja absolutamente desnecessária. Afinal, não era o próprio Marco Polo... um veneziano?



É certo que atravessar de barco a parte antiga da cidade, aproveitando os momentos de sombra proporcionados pelas pontes centenárias (não arrisco o “milenares”, apesar do aspecto bastante usado de algumas), e saboreando uma agradável cerveja local, com nome sugestivo, a fazer lembrar relaxing times de outro filme, é uma experiência única e merecedora por si só de uma visita a Suzhou. Mas percorrer as estreitas e iluminadas ruas melodiosamente salpicadas por concertos de música clássica chinesa e lojas tradicionais, sentindo cheiros e cores diferentes que já deixaram de surpreender mas continuam a maravilhar, conferem a harmonia necessária ao passeio de fim-de-semana.


Suzhou é ainda uma cidade de jardins que, sem a espectacularidade do West Lake de Hangzhou, se tornaram um bom complemento para a primeira excursão efectuada na companhia do pequeno grupo que ficou conhecido como “a traineira algarvia”. Juntar um farense, um olhanense e um louletano na província de Jiangsu se não é inédito é, de certeza, no mínimo, um acontecimento raro! A traineira algarvia navegou sem problemas nas águas calmas dos canais de Suzhou e terminou a expedição com um inesperado corridinho à hora de almoço, a fazer lembrar os bons velhos tempos da tia Anica de Loulé!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Quem não conhecia...

... Ficou a conhecer

terça-feira, 17 de abril de 2007

Shenyang

De visita à quarta maior cidade da China, a primeira sensação que me invade é de que o presente deve muito à história milenar da importante região da Manchúria. Shenyang é uma cidade que, na sombra do seu passado imperial, se tenta reerguer das cinzas após décadas de ocupação e destruição.

Centro Urbano

Sob o domínio dos Japoneses durante o início do século passado e reconquistada pelos soviéticos no final da II Guerra Mundial, foi a partir desta região, “encravada” entre a Sibéria, a Mongólia e a Coreia, que o exército comunista liderado por Mao iniciou a conquista da China continental. E foi depois desta conquista que Shenyang se tornou o berço da industria pesada chinesa, importada quase em exclusivo do poderoso vizinho de cima. O paradigma produtivo não mudou muito e actualmente a cidade continua a ser o grande pólo industrial do Norte da China.
Mas Shenyang é também a antiga capital original do império Qing, a última dinastia imperial chinesa, e, entre a impressionante dimensão (e confusão) do seu pólo urbano, é ainda possível visitar alguns dos monumentos mais importantes dessa época.


Palácio Imperial

Beiling Park

O Palácio Imperial é o segundo maior da China, depois, naturalmente, da Cidade Proibida de Beijing, e os túmulos erguidos em honra dos seus reis impressionam pela dimensão e sumptuosidade. Apesar do papel pouco significante da religião na cultura chinesa, a tradição confere um papel de extrema importância à vida depois da morte (o exército de Terracota em Xi’an é o exemplo mais significativo e monumental desta preocupação), pelo que nenhum pormenor é olvidado na hora de escolher o local onde o imperador descansará no seu sono eterno.

Beiling Park

Beiling Park

Em Shenyang senti-me numa China diferente daquela que conhecia até agora. Mais pobre e cinzenta. Mais triste. Mas onde, apesar de uma abertura menor, se nota nas pessoas o mesmo dinamismo e optimismo que caracteriza os chineses do Sul.

Em Shenyang senti-me diferente. Mais diferente do que me tinha sentido até agora em Zhejiang ou em Xangai. Voltar a Shaoxing foi, pela primeira vez, uma sensação de regresso a casa.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Uma aventura no Supermercado

Como quase tudo, as grandes multinacionais da distribuição já chegaram à China. Já não falta muito para chegarem também a Shaoxing (e logo no meu quintal), mas, por enquanto, as minhas compras continuam a ser feitas nos supermercados nativos, com tudo o que de interessante isso acarreta. Um supermercado na China é em quase tudo semelhante a um em Portugal, mas é nos pequenos detalhes que se encontram algumas diferenças reveladoras.

A disposição é quase sempre perfeita, como mandam os livros de marketing, obrigando-nos a percorrer todas as secções de artigos de ócio até chegarmos àquilo que viemos realmente procurar – a comida. Aqui começam as dificuldades, pois há alguns produtos básicos na nossa dieta que são simplesmente impossíveis de encontrar – Desde logo, pão, queijo e fiambre. A massa, quando há, está normalmente enfiada na secção de bens importados, juntamente com o único produto produzido em Portugal (não confundir com português) que já encontrei: as sardinhas em lata.

O arroz é a pedra basilar nas refeições chinesas e isso é evidente quando, no corredor exclusivamente destinado a este artigo, é impossível encontrar um pacote que contenha menos de 5 kg! Nunca comprei arroz.

A odisseia do arroz


O peixe, tal como nos restaurantes, escolhe-se vivo e é morto na hora, à nossa frente, como garantia suprema de que é fresco. Nunca comprei peixe.

Alguns dos petiscos disponíveis


No fundo, tratam-se apenas de pequenos pormenores que são explicados pelos diferentes hábitos alimentares e que, apesar de tudo, não causam grande estranheza. A minha maior surpresa foi descobrir que, na secção de produtos de higiene pessoal, não existe um único desodorizante. Segundo os chineses, os ocidentais apenas necessitam de usar este tipo de artigos porque... cheiram mal!