terça-feira, 14 de abril de 2009

Em viagem XIII - Bangkok

Bangkok, que só se continua a chamar Bangkok nos guias de viagens, foi, simultânea e paradoxalmente, uma surpresa e tudo aquilo que esperava que fosse. Até poderia dizer, caso gostasse de jogos de palavras, que a surpresa foi ter-se encaixado de uma forma quase perfeita nas expectativas que tinha dela – coisa que raramente acontece. Uma metrópole gigante e cheia de maravilhosos contrastes, onde se misturam Oriente e Ocidente. Ou antes, vários Orientes e vários Ocidentes.

Gostei de me perder no caos urbano e de me reencontrar, a espaços, em espaços frescos e silenciosos, quase que pequenos oásis numa cidade onde quase sempre há muita gente e onde o calor é um manta húmida e abafada. E apesar de nunca ter lido nada sobre Bangkok, imagino que seja um lugar comum dizer-se que há várias Bangkoks dentro de Bangkok. Mas mesmo assim digo-o (ou repito-o).

Há, por exemplo, a Bangkok dos turistas, amontoados nas 3 ou 4 ruas das guest-houses, hippies, bronzeados e tatuados, como uma massa uniforme de gente que quer ser diferente. Há a Bangkok chinesa (ou cantonesa) do labirinto de minúsculas e intermináveis ruas e vielas de cheiros chineses e desse formigueiro humano que é a China das Chinatowns. Há a Bangkok do turismo sexual, onde se misturam os turistas curiosos (ou será ao contrário?), com os seus espectáculos inenarráveis saídos de filmes de série B. Há a Bangkok moderna que podia ser em qualquer cidade chinesa. E há a Bangkok da gente normal que apanha o barco para ir para o trabalho porque as ruas estão demasiado congestionadas. E haverá muitas outras, tantas quantas as pessoas que a habitam, como acontece com qualquer outra cidade no fundo.

A minha Bangkok é uma mistura de todas estas e tem ainda algo que é só meu e dela. Uma surpresa por fim, depois das desilusões que tinha encontrado até então.


terça-feira, 7 de abril de 2009

Em viagem XII - Full Moon Party

Diz-se que a maior festa de praia do mundo começou há uns anos atrás, na altura para celebrar o aniversário de alguém… que coincidiu com a lua cheia. Deve ter sido alguém muito popular porque hoje em dia contam-se pelas dezenas de milhar as pessoas que, com o aproximar da lua cheia, se dirigem à pequena ilha de Koh Phangan, na costa Este Tailandesa.

Na verdade percebo o porquê – a praia, no extremo sul da ilha, para além de, por si só, ser muito bonita, é abençoada com a melhor vista do mundo para a lua cheia, que, num lento movimento vertical iniciado a partir do Oceano, vai deixando ver a sua face precisamente no centro da praia e da festa. É uma vista impressionante… ainda que duvido, que no meio de toda aquela confusão, haja muita gente com discernimento suficiente para a apreciar como ela merece.

Não menos impressionante é o nascer do sol e os maravilhosos tons de azul com que a natureza presenteia os (ainda muitos) foliões que resistem até ao amanhecer. Foi nessa altura que voltei para casa, no último barco, arrependido de não ter levado a máquina fotográfica… já que, bem vistas as coisas, desta vez limitei-me a ser espectador.

Fotos do "Mateus"

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Em viagem XI - A praia

Não foi fácil chegar à praia. A certa altura cheguei a pensar que o mundo se tinha unido contra mim para me impedir de chegar ao Sul da Tailândia. Mais tarde, já à sombra de um coqueiro, cheguei à conclusão que o mundo tem mais que fazer do que se preocupar comigo e que sofrer para se alcançar um objectivo valoriza-o ainda mais.

Depois de 48 horas praticamente sem pregar olho, perseguido pelas mais variadas contrariedades, cheguei finalmente a Koh Tao, uma ilha no sul da Tailândia. Areia branca, água tépida e paisagens de cartão postal foram os ingredientes para os dias que se seguiram, na companhia de um grupo multinacional, todo ele vindo de Chengdu, que mais ou menos por coincidência se encontrou todo nesta parte do mundo.

A Tailândia tem, provavelmente, as praias mais bonitas do mundo. Tem, sem dúvida, uma das indústrias turísticas mais desenvolvidas do mundo, o que, quase sempre, me deixou algo desiludido e com saudades da autenticidade da China. Mas o objectivo primário da viagem estava cumprido – mais de um ano depois estava na praia. E soube bem.