quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Novas incursões tibetanas

Na provincia de GanSu (甘肃), outra das que faz fronteira com o Tibete chinês, encontra-se o segundo mais importante mosteiro budista tibetano da escola de Gelugpa (também conhecida como a seita do chapéu amarelo), precisamente aquela da qual o Dalai Lama é líder espiritual e que, como é fácil de adivinhar, é a mais representativa no Tibete actual.

Como costuma acontecer na China, a parte mais difícil de uma viagem é chegar onde queremos quando queremos, mas desta vez o problema não foram os comboios à pinha sem mais lugares para vender. O problema foi que não havia lugar para ocidentais. O plano parecia simples: Comprar um bilhete de autocarro em LanZhou (兰州), capital da província, para XiaHe (夏河), destino final. No entanto recusaram-nos a venda de bilhetes por seremos estrangeiros que, segundo nos explicaram, depois de muita insistência, não estavam autorizados a visitar esta zona desde o ano passado, na sequência das ondas de protesto levantadas no mundo tibetano por altura dos Jogos Olímpicos de Beijing. É uma reacção típica nestas bandas – quando há problemas impede-se as pessoas de ir lá ver o que está a acontecer para depois se poder contar a história como se quiser.

Passado o choque inicial comecei a deambular pela estação perguntando a seguranças e condutores (alguém que tivesse um uniforme, no fundo) porque é que não me deixavam ir para XiaHe. Depois de umas quantas respostas pouco construtivas apareceu o meu anjo da guarda, precisamente na forma de um motorista, que me prometeu levar-nos a XiaHe no dia seguinte. Prometeu e cumpriu, pois no dia seguinte às 7 da manhã já me estava a ligar para que me apressasse para a estação. Comprou-nos os bilhetes para um sítio a meio do caminho e, uma hora e tal de condução depois, encostou na berma, pediu-nos para descer e entrar num outro autocarro… que ia para XiaHe! À chegada não só não havia polícias prontos para nos mandar de volta como também (surpresa das surpresas) havia outros estrangeiros em XiaHe!

Não haveria mais de uma dúzia, e tinham chegado alguns do Sul, outros do Oeste e outros no Norte, tal como nós, usando expedientes mais ou menos idênticos mas nenhum com um cúmplice tão influente como o nosso.

Mais tarde fomos informados pelo monge que geria a pensão onde ficámos (!) que esta parte da China tinha sido “aberta” a ocidentais há apenas 10 dias. 10 dias em que ninguém se lembrou de avisar as senhoras da estação de autocarros de LanZhou que ja podia vender bilhetes a não-chineses

Mas chega de conversa e vamos às imagens, porque este entrou directamente para o top dos lugares mais espectaculares onde estive na China.

XiaHe, o Mosteiro de Labrang e as "grasslands":


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