terça-feira, 16 de agosto de 2011

domingo, 20 de março de 2011

Saudades da China

Andava aqui há uma série de tempo a procurar uma desculpa para voltar a escrever qualquer coisa sobre a China. Primeiro ocorreu-me colocar uma fotografia da cobra que comi no jantar de Ano Novo Chinês. Mas entretanto o tempo passou, o ano deixou de ser tão novo (apesar de continuar a ser chinês) e pareceu-me que a foto tinha perdido a pertinência. Depois disso, ocorreu-me escrever umas palavras sobre umas viagens que nunca chegaram a encontrar o caminho para o blogue. Mas depois achei que reciclar assim material tão antigo sem outro motivo que o de reanimar um espaço que já está em coma há tanto tempo não era mais do que adiar o inevitável – o seu descanso eterno. Tenho andado desde então (há aproximadamente 3 dias e meio) à procura de alguma ideia original, alguma coisa que eu possa dizer sobre a China ou sobre os chineses que ainda ninguém tenha dito melhor que eu. E cheguei a uma brilhante conclusão – Não há absolutamente nada que eu possa dizer sobre a China ou sobre os chineses que ainda ninguém tenha dito melhor do que eu.

Mas sempre posso deixar aqui a fotografia da cobra que comi no Ano Novo Chinês.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Resolução de Ano Novo

Voltar para a China

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Encostar a porta

Há dois tipos de blogues: aqueles que anunciam o seu final e aqueles que não o fazem e permanecem em aberto, pendurados na esperança do autor de que um dia a sua inspiração possa regressar.


Apesar do que a imagem sugere não estou a fechar as portas a futuras actualizações mas confesso que nos últimos tempos a falta de tempo e motivação têm feito com que este blogue se incline para ser um dos do segundo tipo, que acaba sem aviso prévio. E acreditem que não é por falta de material. Apesar de já ter deixado a China há uns meses estou a viver a experiência mais intensamente chinesa da minha vida, e o fascinante é que quanto mais estou imerso neste mundo mais me apercebo do pouco que entendo dele. No fundo, não consigo deixar lado um certo sentimento de incompetência para escrever sobre assuntos sobre os quais outras pessoas dedicam toda uma vida a estudar e em relação aos quais eu sou apenas um observador na sua fase inicial.

Por outro lado, custa-me fechar a porta, quanto mais não seja porque ainda tenho muitas imagens e algumas histórias no arquivo que gostaria de partilhar. Sei que as pessoas que passam por aqui não são muitas, mas os comentários que vou recebendo ajudam-me a perceber que há pelo menos algumas que olham com interesse para o que se vai passando neste espaço. E não há nada mais motivador que isso.

Fiquemos então, para já, por um encostar de porta e por uma palavra de agradecimento aos amigos que por aqui foram passando.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Citações I

(...) o segredo da atracção singular que a China e a Europa sempre exerceram uma sobre a outra é que, em certo sentido, elas constituíram, durante muito tempo, os dois pólos da experiência humana - são uma para a outra antípodas culturais

Simon Leys, "Ensaios sobre a China"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Tibete

Chegar a esta parte da China é como entrar num país diferente – as cores, as vozes e os cheiros do costume dão lugar a novas cores, novas vozes e novos cheiros. Não melhores, nem piores mas simplesmente diferentes como sempre são as coisas novas. Muitos outros lugares neste gigantesco país me causaram a mesma sensação de chegada a um mundo novo. Mas este, por todos os motivos do mundo, é um lugar diferente. E é impossível fugir à questão – o Tibete faz ou não parte da China?

Apesar de não ser assim reconhecido por nenhuma outra nação, a verdade é que no imaginário Ocidental o Tibete é, sim, um país independente. Nos folhetos das agências de viagem portuguesas, não sei se por provocação, desconhecimento ou estratégia, o Tibete é anunciado como um destino à parte da China. Na China, no entanto, ninguém coloca sequer a hipótese de o Tibete vir a ser algum dia um país independente. O Tibete foi, é e será parte integrante deste país multiétnico e multicultural. Em que ficamos? Têm razão os ocidentais ou os chineses?

Os argumentos baseados na História são complicados e sempre sujeitos a manipulações e diferentes interpretações. Afinal quando é que realmente o Tibete passou a fazer parte da China? Não após o triunfo comunista, como muita gente imagina, mas certamente muito tempo antes. Exactamente quando e em que moldes é a questão mais disputada entre Comunistas e Tibetanos. Mas será que é a mais importante?

No mesmo dia em que os Tibetanos no exílio recordam a destruidora invasão comunista que inaugurou a perseguição da sua religião como veneno, os chineses comemoram o aniversário da libertação do Tibete – libertação do regime teológico, feudal e esclavagista que era perpetrado pelos monges.

Quem tem razão? Em alguma medida, ambos, certamente. Mas quem tem razão, então? Não podem ser ambos, pois não?
Lembro-me de, numa das primeiras discussões que tive sobre este tema com um chinês (e que me levaram a evitá-las a partir daí), lhe ter perguntado se a maioria dos tibetanos se consideravam chineses. Ele disse-me que sim. Eu disse-lhe que gostaria ir ao Tibete e ganhar alguma sensibilidade sobre o que as pessoas aí realmente pensam. Não será esse, na realidade, o único argumento válido, pensava eu?

Não quero de forma alguma ser juiz de um tema sobre o qual sei muito pouco, mas parecia-me que era esse o único argumento realmente importante. Tudo o resto seria uma discussão fútil porque nunca chegaria a ter um fim.

Obtive a minha resposta. Tenho agora uma opinião formada e não preciso de ler mais nada sobre este assunto para a fundamentar. Tu és aquilo que te sentes, independentemente da forma como os outros te queiram catalogar. Não é isso a liberdade?




quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Novas incursões tibetanas

Na provincia de GanSu (甘肃), outra das que faz fronteira com o Tibete chinês, encontra-se o segundo mais importante mosteiro budista tibetano da escola de Gelugpa (também conhecida como a seita do chapéu amarelo), precisamente aquela da qual o Dalai Lama é líder espiritual e que, como é fácil de adivinhar, é a mais representativa no Tibete actual.

Como costuma acontecer na China, a parte mais difícil de uma viagem é chegar onde queremos quando queremos, mas desta vez o problema não foram os comboios à pinha sem mais lugares para vender. O problema foi que não havia lugar para ocidentais. O plano parecia simples: Comprar um bilhete de autocarro em LanZhou (兰州), capital da província, para XiaHe (夏河), destino final. No entanto recusaram-nos a venda de bilhetes por seremos estrangeiros que, segundo nos explicaram, depois de muita insistência, não estavam autorizados a visitar esta zona desde o ano passado, na sequência das ondas de protesto levantadas no mundo tibetano por altura dos Jogos Olímpicos de Beijing. É uma reacção típica nestas bandas – quando há problemas impede-se as pessoas de ir lá ver o que está a acontecer para depois se poder contar a história como se quiser.

Passado o choque inicial comecei a deambular pela estação perguntando a seguranças e condutores (alguém que tivesse um uniforme, no fundo) porque é que não me deixavam ir para XiaHe. Depois de umas quantas respostas pouco construtivas apareceu o meu anjo da guarda, precisamente na forma de um motorista, que me prometeu levar-nos a XiaHe no dia seguinte. Prometeu e cumpriu, pois no dia seguinte às 7 da manhã já me estava a ligar para que me apressasse para a estação. Comprou-nos os bilhetes para um sítio a meio do caminho e, uma hora e tal de condução depois, encostou na berma, pediu-nos para descer e entrar num outro autocarro… que ia para XiaHe! À chegada não só não havia polícias prontos para nos mandar de volta como também (surpresa das surpresas) havia outros estrangeiros em XiaHe!

Não haveria mais de uma dúzia, e tinham chegado alguns do Sul, outros do Oeste e outros no Norte, tal como nós, usando expedientes mais ou menos idênticos mas nenhum com um cúmplice tão influente como o nosso.

Mais tarde fomos informados pelo monge que geria a pensão onde ficámos (!) que esta parte da China tinha sido “aberta” a ocidentais há apenas 10 dias. 10 dias em que ninguém se lembrou de avisar as senhoras da estação de autocarros de LanZhou que ja podia vender bilhetes a não-chineses

Mas chega de conversa e vamos às imagens, porque este entrou directamente para o top dos lugares mais espectaculares onde estive na China.

XiaHe, o Mosteiro de Labrang e as "grasslands":


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mais viagens

Desta vez foi na companhia do Miguel. Duas semanas passadas quase exclusivamente na província de GanSu (甘肃), com passagem pela mundialmente famosa Xi'An (西安). Aqui ficam umas quantas fotos e duas ou três linhas sobre esta última (que na verdade foi a primeira... paragem), onde apenas sobrevivemos um par de dias debaixo de um sol fulminante e temperaturas que rondavam os 37.


A cidade imperial é conhecida internacionalmente pelo exército de Terracota - para quem não se lembra, um enorme exército de guerreiros, em terracota, construídos em tamanho real e todos diferentes, imagina-se que para proteger o imperador durante o seu descanso eterno. Os bonequinhos impressionam, mas não tanto como o local e circo montado ao seu redor que impressionam apenas pelo mau gosto. Nas palavras da Sol, que revi ontem: "Uma estufa gigante com luzes brancas de hospital".

Era uma visita que estava nos planos ainda antes de ter chegado à China e que inexplicavelmente teve que esperar 2 anos e meio. Mas o melhor ainda estava para vir.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Bem vindo a Lisboa

"Nos outros países tratam-nos como profissionais, aqui tratam-nos como pretos"

Foi esta a tirada com que o taxista que me levou do aeroporto a casa da minha irmã se despediu. Há coisas que nunca mudam.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Previsões pouco animadoras

O blogspot continua bloqueado. Consigo aceder ao blog através de uma proxy mas que me limita bastante a capacidade de edição - nada de fotos, por exemplo.

Será que ainda há mais para vir?

China ameaça apertar censura na Internet
25.06.2009 - 10h29 PÚBLICO, Agências
O Google esteve bloqueado hoje durante duas horas na China e as autoridades de Pequim anunciaram novas regras proibindo o acesso a informação pornográfica na Web, dois passos que são vistos como parte de uma estratégia global para limitar o acesso à Internet no país com mais internautas do mundo.

O acesso às funções de pesquisa e ao correio electrónico do Google estiveram bloqueados, horas depois de este motor de busca ter sido criticado pela agência oficial Xinhua e pelo Diário do Povo por permitirem o acesso a conteúdos pornográficos.

“É claramente um aviso ao Google bem como a outras companhias estrangeiras”, disse ao “Guardian” Xiao Qiang, o fundador do site China Digital Times. “É também um sério aviso ao netizens chineses. O Governo está a mostrar a sua determinação em manter a Internet sob controlo”, acrescentou.

A partir de 1 de Julho, todos os computadores na China terão de ser vendidos incorporando um filtro chamado Green Dam (Barragem Verde), uma medida que os Estados Unidos criticaram abertamente na quarta-feira.

Para a administração norte-americana, o Green Dam viola regras comerciais, enfraquece a segurança dos computadores e levanta sérias preocupações quanto à censura na Internet, sintetiza a BBC.

“A China está a colocar as empresas numa situação insustentável, ao exigir-lhes, virtualmente sem dar qualquer informação prévia, a pré-instalar um software que parece ter implicações ao nível da censura e da segurança das redes informáticas”, disse o secretário norte-americano do Comércio, Gary Locke.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388621&idCanal=11

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A censura novamente

O acesso a blogues voltou a ser bloqueado na China continental. A novidade é que desta vez bloqueram também o blogger.com - a página que permite editar os blogs. Sempre me pareceu estranho que cada vez que bloqueavam os blogues (o que vai acontecendo periodicamente) nunca o fizessem com o blogger, mas parece que desta vez aprenderam a lição - se é para censurar, há que censurar como deve ser e não ficar com meias medidas.

O que vale é que há sempre alguém que vai descobrindo maneiras de dar a volta a estas proibições. Desta vez tenho que agradecer ao Cláudio.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O sismo na Rádio Macau

Para os que quiserem mais informação, ou simplesmente tenham saudades de ouvir a minha voz (no caso dos meus pais). Está aqui  (na secção "outras rubricas")

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Chengdu Zebra Music Festival

A uma semana do aniversário da tragédia, Chengdu teve direito ao seu primeiro Festival de Música. Foram 3 dias de concertos para todos os gostos, onde estiveram presentes as estrelas pop nacionais, algumas das novas bandas rock/pop/punk de Beijing, um par de artistas estrangeiros e muitas bandas locais. Com dois palcos, uma zona de música electrónica e muitos comes e bebes, e tendo em conta a pouca tradição que existe deste tipo de eventos, pode-se classificar o festival como um rotundo sucesso. Pelo menos a julgar pela grande afluência de público.

Pela minha parte tive oportunidade de participar no primeiro “Rock in Rio” de Chengdu (ainda que eu seja mais Sudoeste) por uma fracção do preço.


O “myspace” chinês de duas das minhas bandas locais preferidas:
热超波 (The Trouble) - Ska em chinês
Falling cookies - Rock em inglês

terça-feira, 12 de maio de 2009

Há um ano atrás...

... um dos mais violentos terramotos da história recente chinesa tinha lugar em Sichuan, com epicentro a 100 km de Chengdu. Foi no dia 12 de Maio de 2008. As vitimas atingiram números absurdos e a particular debilidade com que muitas escolas primárias desabaram dexou as populações locais em estado de choque.

Na altura escrevi um pouco sobre a minha experiência pessoal e sobre as reacções da população nas semanas/meses após o terramoto. Esses relatos podem ser lidos Aqui, aqui e aqui

Hoje, um ano depois, muito foi reconstruido, mas, dada a dimensão da tragédia, há ainda muito por fazer. Há ainda muitas famílias a viver em casas pré-fabricadas, à espera de ver a sua situação resolvida. Mas acima de tudo, há vontade de, sem o esquecer, deixar para trás o que aconteceu e reconstruir o presente de olhos postos no futuro. Sichuan é famosa não só por ser uma das províncias mais bonitas da China mas acima de tudo pela boa disposição e pelo gosto em apreciar as coisas boas da vida dos seus habitantes, e isso é mais forte que qualquer terramoto.

PS: nos próximos posts vou divulgar algumas das iniciativas que têm sido desenvolvidas para dar nova vida a esta província.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gripe A H1N1: Primeiro caso na China continental... em Chengdu

A China confirmou hoje o seu primeiro caso de gripe A H1N1, um chinês de 30 anos que regressou há dias dos Estados Unidos. As autoridades já localizaram dezenas de pessoas que terão estado em contacto com este homem, mas procuram ainda outras que voaram com ele de Tóquio para Pequim.

Os testes realizados no Hospital de Doenças Infecciosas de
Chengdu, capital da província de Sichuan, confirmaram a presença deste novo vírus, noticiou a agência oficial China Nova, citando o Ministério da Saúde. O jovem, Bao, deixou os EUA, onde estuda, a 7 de Maio, passando por Tóquio antes de voar para Pequim e em seguida para Chengdu, onde chegou no sábado.

(...)

in Público (resto da notícia aqui)


É caso para dizer que Chengdu só faz manchetes pelos motivos errados. 

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Em viagem XV - De regresso a Chengdu...

... mas em breve voltarei à estrada.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Em viagem XIV - Última paragem em Guangxi

No meu regresso à província de Guangxi, quase 2 anos depois da última viagem(e já com data marcada para nova visita este ano), aproveitei para rever amigos locais e locais de boas memórias e também para conhecer um pouco mais desta deslumbrante parte do Sul da China, que é por excelência a "província cartão-postal do Império".

Descobri Huang Yao (simultâneamente um dos lugares mais bonitos onde já estive na China e um dos menos turísticos) da forma mais improvável possível -  num filme de Hollywood. Fiquei de tal forma impressionado pelas imagens no filme The Painted Veil que me pus a investigar onde tinha sido filmado... apenas para descobrir que quase não havia informação sobre este lugar, e muito menos informação que não fosse em chinês. A forma de lá chegar era tudo menos fácil, envolvendo trocas de autocarros, viagens que só se faziam se houvesse passageiros suficientes e esperas na berma da estrada. Algo mesmo à minha medida para rematar da melhor forma a minha viagem pelo Sul do meu Continente de adopção.

Huang Yao é um sítio tão autêntico como inesperado: uma aldeia antiga, autêntica e acolhedora (combinação quase impossível) no meio de paisagens indescritíveis e onde praticamente não chegam turistas.