terça-feira, 12 de junho de 2007

Todos os chineses são bilingues? (e o país dos dentes de uva)

Uma parte considerável dos chineses são efectivamente bilingues. Isto é, são nativos tanto no seu dialecto local como no Mandarim – o idioma oficial nacional. As excepções à regra encontrar-se-ão em Beijing – Onde o Mandarim corresponde, grosso modo, ao dialecto local – e nas regiões menos desenvolvidas do interior, onde o Mandarim não é falado com tanta preponderância.

Inglês? Digamos que se um estrangeiro quiser sobreviver na China, um bom curso de linguagem gestual será uma mais-valia muito mais importante que qualquer palavra em inglês que saiba dizer. Continua a ser uma raridade encontrar alguém que consiga articular algumas palavras no idioma de Shakespeare, particularmente à medida que nos formos afastando da capital económica, Xangai.

No pouco tempo que levo aqui já aprendi o suficiente para impressionar visitas estrangeiras (aquelas que não falam uma palavra do idioma, naturalmente) mas ainda estou muito longe do mínimo necessário para compreender uma conversa que seja entre dois chineses (apenas, por vezes, o assunto, quando reconheço 3 ou 4 palavras familiares). Apesar de tudo, começo a entrar numa fase de aprendizagem em que já vou fazendo algumas associações entre palavras novas e antigas e vou descobrindo novos significados para vocábulos já adquiridos. Por exemplo, uma das primeiras palavras que aprendi foi “meimei”, que significa “irmã mais nova”. Mas só depois de saber que “meinu” quer dizer algo do género “moça bonita” e que “nu” é um vocábulo utilizado para o sexo feminino, é que percebi por que é que é prática mais ou menos corrente chamar as empregadas dos restaurantes de “meimei”. É algo do estilo: Oh “bonitinha/irmãzinha” trás-me aí uma chávena de chá, se faz favor!

“Mei”, por si só, quer dizer algo como “bonito”. No entanto, nunca se utiliza apenas “mei” ou apenas “nu”. São vocábulos que perdem o significado quando assim soltos, precisando de um prefixo ou sufixo para quererem dizer alguma coisa.

Os nomes dos países estrangeiros são adaptados para o chinês através de aproximações fonéticas, utilizando, naturalmente, os caracteres chineses para esse efeito. Os resultados algumas vezes são interessantes e outras não têm significado absolutamente nenhum. Senão vejamos, hoje já aprendemos que “mei” quer dizer “bonito”. Se a isso juntarmos que “guo” significa país, percebemos que "Meiguo" (Estados Unidos da América) é nada menos que “país bonito”. A Alemanha também não se pode queixar da sorte, uma vez que “Deguo” siginifica algo como “país de princípios”.

O nome do nosso pequeno país à beira mar plantado foi baptizado de “Putaoya”, que, por pura coincidência sonora, significa “dentes de uva”. Não é propriamente um nome muito sexy, mas resta-nos a consolação de ainda haver pior – os nossos vizinhos de península (Xibanya) vivem em “dentes do turno Oeste”.

2 comentários:

Okawa Ryuko disse...

Um blogue interessante! Mas as afirmações feitas no quarto parágrafo deste post não estão correctas. Provavelmente agora já sabes mais chinês e reconheces que assim é.

Paulo disse...

Aquilo que quis dizer, e admito que não ficou muito claro, foi que 美 e 女, apesar de terem significados bem definidos (bonito e feminino, respectivamente) e utilizados para formar muitas palavras, nunca são utilizados isoladamente. Por exemplo, 美女 significa mulher bonita e 美国 quer dizer país bonito. Mas nunca se utiliza apenas 美 . Não é possível dizer, por exemplo, 他是美. Com 女, tanto quanto sei, passa-se exactamente a mesma coisa.

Como notaste bem sou apenas um iniciante no idioma chinês, pelo que se tiver cometido algum erro de análise aceitarei com gosto a correcção proposta :)

Obrigado pelo comentário