sexta-feira, 24 de agosto de 2007

O tempo

Costuma dizer-se que, na vida, existem apenas duas coisas certas – a morte e os impostos. Não concordo com nenhuma delas. Existem inúmeras e comprovadas formas de fugir tanto aos impostos como à morte, sendo que apenas alguns iluminados conseguem escapar desta última. A única coisa que, quanto a mim, é inevitável é o passar do tempo. Somos livres de tomar as decisões que bem entendamos e a imaginação é o único limite para as diferentes vidas que podemos viver, mas nunca qualquer opção que tomemos poderá, de forma alguma, contornar ou alterar a duração de um minuto ou de um ano.

Nada como a inevitabilidade do passar do tempo me faz sentir tão pequeno, e isso, na maior parte das vezes, nem é mau, é quase libertador.

Esta reflexão chega num período em que vejo o tempo que me resta na China a escorrer-me entre os dedos. Por mais força que usemos para segurar o punhado de areia que temos nas mãos, ele acaba sempre por nos fugir. Os poucos grãos que conseguimos segurar não serão mais que as memórias dos bons momentos que ficarão connosco para sempre.

Esta impossibilidade de segurar o tempo, principalmente quando se avizinham períodos de decisões, é menos libertadora do que angustiante.

2 comentários:

Catraia_Sofia disse...

Não podia estar mais de acordo. A sensação do punhado de areia a escorrer por entre os dedos não é das melhores mas de facto não podemos "contornar ou alterar a duração de um minuto ou de um ano"...

força nas decisões...
;)

bjs

Anónimo disse...

Bem explicado. Não acrescento uma vírgula.