Da primeira vez que vim cá, rendi-me a esta aberração que é estar no Laos sem estar no Laos e que, diga-se, pode ser bastante divertida, por um lado, e relaxante, por outro, desde que se esteja com o estado de espírito adequado. Desta vez não estava, e, por isso, preferi passar os dias de bicicleta pelos arredores e ir para a cama cedo com os meus livros.
Os arredores de Vang Vieng são maravilhosos; e com toda a gente a chapinhar dentro de água não se encontrava quase ninguém pelo caminho. Os dois miúdos que aparecem na fotografia abaixo (há mais um na parte de trás do veículo) ofereceram-me ópio (!) Foi a segunda vez que mo ofereceram no Laos e a primeira tinha sido uma velhota…
O ponto alto da minha passagem por Vang Vieng foi quando, já perto do pôr do Sol, decidi subir um dos muitos montes característicos da região e me deparei com uma vista de tal modo espectacular, que não há fotografia que lhe faça justiça. E toda para mim!

Mas ainda havia uma surpresa reservada para o dia da minha partida. Acordei de madrugada para apanhar o primeiro autocarro do dia para Vientiane, e deparei-me com a mais famosa cerimónia do Laos, em que os monges se juntam, diariamente, e fazem uma ronda pelas principais ruas da localidade para recolher esmolas e comida. Na cultura budista, a melhor forma de “adquirir” bom Karma é tratar bem os monges, não só desta forma como também reservando-lhes alguns direitos especiais – nos transportes públicos da Tailândia, por exemplo, há sempre lugares reservados para monges, que também não têm que pagar bilhete.
No total já passei mais de um mês no Laos, mas foi no meu último dia no país, e totalmente por acaso, que vi finalmente esta importante cerimónia. Acho que é altura de começar a recuperar do karma negativo que já devo ter acumulado. Há um monge tailandês que tem aulas na sala ao lado da minha. Amanhã vou convidá-lo para almoçar.