sexta-feira, 6 de março de 2009

Em viagem IV - Pela estrada fora (1)

Quando finalmente consegui sair de Xi De, não só logrei comprar o bilhete para Kunming no próprio dia como ainda, já dentro do comboio, consegui fazer um upgrade para um lugar ligeiramente mais confortável do que da vez anterior.

Depois de me encontrar com o António em Kunming, seguimos para Xishuanbanna, no Sul de Yunnan. Foi a segunda vez que estive em Jinghong, a maior cidade do sul, mas desta vez fui com mais tempo para explorar os arredores. Ponderadas as opções, decidimos apanhar um autocarro ainda mais para Sul e de lá voltar a pé para Jinghong. Apesar de não ser o percurso mais original do mundo (quase todos os mochileiros que passam por esta região acabam por fazer algo do mesmo género), a verdade é que não vimos mais turistas durante os 3 dias em que andámos por lá, e a possibilidade de comunicar com os locais no seu idioma é sempre garantia de ter experiências mais autênticas.

As paisagens eram interessantes, apesar de algo monótonas depois de umas quantas horas de caminhada. O clima no Sul da China é tropical e notava-se que estamos na estação seca.

Chegámos à primeira aldeia por volta da hora de almoço e "convidámo-nos" para comer em casa de um dos locais. A etiqueta neste tipo de situações diz que se deve deixar uma pequena quantia em sinal de agradecimento ao anfitrião. Este, por sua vez, recusa duas vezes antes de acabar por a aceitar. Esta primeira aldeia tinha ainda a particularidade de grande parte das casas terem telhados azuis. Estamos a falar de uma aldeia para onde não existem transportes públicos, supostamente isolada da civilização, onde todas as construções são em madeira, mas onde saltam à vista os luminosos telhados azuis de alumínio.

Entretanto conseguimos descobrir que a empresa que foi contratada para construir a estupa local também tem no seu portfolio, imagine-se, todo o tipo de telhados, em várias tonalidades de azul. É a mesma história repetida vezes sem conta em diferentes latitudes: perde-se no pitoresco mas ganha-se no conforto. E desconfio que para os locais a escolha seja fácil.

Nesse dia, depois de almoço ainda arrepiámos caminho para a aldeia seguinte, na esperança de encontrar onde dormir.

Fomos dando de caras com alguns búfalos...

... e conseguimos chegar ao destino antes do pôr do sol.

Voltámos a "convidar-nos" para passar a noite em casa de alguns locais, e após quebrarmos o gelo inicial, acabámos por passar um serão bastante agradável, entre conversas sobre a vida e outras coisas e uma filmagem de um festival de minorias étnicas, recente, em que os Ha Ni Zu (a minoria maioritária nesta última paragem) também tinham estado presentes. Tivemos a sorte de grande parte da família estar ausente para comemorar o Ano Novo em outras aldeias e, como tal, haver ainda muito chão livre para estendermos a nossa manta e, depois de um dia cansativo, gozar um sono repousante, apenas interrompido a espaços pelo roncar do chefe de família.

2 comentários:

Catraia_Sofia disse...

Tantas novidades...
Volto depois para ler tudo com calma!

bjs

Anónimo disse...

Desta vez viajaste bem acomodado...
è bom saber que nem sempre dormes no chão!
Estou aadorar ler as tuas aventuras e a ver as fotografias.

Bj